19º Festival Palco Giratório Sesc em Porto Alegre traz efervescência cultural à Capital com mais de 60 espetáculos, oficinas e atividades formativas
De 20 de maio a 08 de junho, evento ocupa 22 espaços com teatro, dança, música, circo e debates sobre o fazer artísticoCom uma programação potente e diversa, o Festival Palco Giratório Sesc retorna para sua 19ª edição em Porto Alegre entre os dias 20 de maio e 08 de junho, movimentando a cidade com uma intensa agenda cultural. Serão 64 sessões de espetáculos apresentados por 52 grupos artísticos – sendo 24 do Rio Grande do Sul – que tomam conta de 22 espaços culturais da Capital. As atividades incluem ainda diversas atividades formativas e exposições, consolidando o evento como um dos mais relevantes do calendário das artes cênicas no Brasil. Ao todo, cerca de 360 artistas participam desta edição, que também aposta na formação e no diálogo com o público. Serão nove oficinas com 15 profissionais convidados, quatro intercâmbios reunindo dez palestrantes, além do 6º Seminário Palco Giratório, realizado em parceria com UFRGS, que contará com 26 nomes expressivos das artes cênicas. A programação completa está disponível no site www.sesc-rs.com.br/palcogiratorio.
“Essa iniciativa é um espaço vivo de conexão, diálogo e construção coletiva. Quando ocupamos teatros, ruas e centros culturais de Porto Alegre, a cidade se transforma em um grande palco, onde o encontro entre artistas e público gera experiências únicas, que tocam, despertam e inspiram. O evento tem um papel decisivo na valorização da arte e de seus profissionais, promovendo visibilidade, circulação e trocas entre companhias de diferentes partes do País. Para a Capital Gaúcha, representa ainda um importante motor para o fortalecimento da economia criativa”, comenta Luciana Stello, gerente de Cultura do Sesc/RS.
Entre os destaques da programação está o show especial de Negra Li, que celebra seus 29 anos de carreira com uma apresentação que transita entre rap, R&B e música brasileira. A cantora e compositora paulistana sobe ao palco do Teatro Simões Lopes Neto no dia 20 de maio, noite de abertura do Festival, com um espetáculo vibrante e carregado de identidade, em que sucessos marcantes, como “Você Vai Estar Na Minha”, se encontram com canções recentes, como “Vai Dar Certo”. Em uma performance que transita, por meio da música, entre temas como empoderamento, resistência e autenticidade, Negra Li inclui releitura de canções emblemáticas da música brasileira, como “Canto das Três Raças”, imortalizado na voz de Clara Nunes.
Outro momento aguardado é a primeira passagem no Rio Grande do Sul da peça “Ao vivo [dentro da cabeça de alguém]”, da Companhia Brasileira de Teatro. Ela é protagonizada por Renata Sorrah, uma das mais renomadas atrizes do Brasil, vencedora dos prêmios Shell, Molière e APCA, e marcada na história da teledramaturgia ao ter interpretado personagens como Heleninha Roitman, em “Vale Tudo”, e a grande vilã Nazaré Tedesco em “Senhora do Destino”. A montagem propõe uma releitura de “A Gaivota”, texto do autor russo Anton Tchekhov que mergulha nas subjetividades femininas e na complexidade do fazer artístico nos dias atuais. Ao conectar passado e presente, a obra discute temas como os desafios da criação, os espaços de poder, os direitos das mulheres e o valor da arte em tempos de conservadorismo. A peça terá duas sessões no Teatro Simões Lopes Neto, nos dias 04 e 05 de junho.
“Nossa 19ª edição é especial. No ano passado, realizamos um festival resiliente e resistente, com intuito de fomentar a cena cultural após os acontecimentos de maio. Agora, voltamos com força total, em uma diversidade de linguagens cênicas e presença cultural em diferentes localidades da cidade. Teremos uma edição ampla que destacará a produção gaúcha e reunirá espetáculos de todas as regiões do Brasil”, enfatiza a coordenadora de Artes Cênicas, Visuais e de Arte Educação do Sesc/RS e curadora do Circuito Nacional do Palco Giratório, Jane Schoninger.
Para ela, outro ponto alto da programação é a peça “Zaratustra: uma transvaloração dos valores”, do grupo carioca Tá Na Rua. A encenação, que nasceu da relação do célebre ator e diretor Amir Haddad com o personagem Zaratustra, escrito pelo filósofo Friedrich Nietzsche, comemora os 66 anos de carreira do diretor e seus 86 anos de vida. A montagem contará com três apresentações na Sala Álvaro Moreyra, nos dias 06 e 07 de junho, às 19h, e no dia 08 de junho, às 18h. “Estamos muito contentes de poder trazer esse projeto, de um dos mais consagrados encenadores do Brasil, a Porto Alegre”, comenta Jane.
Além de contar com grandes espetáculos de diversos cantos do País, o Palco Giratório mantém seu compromisso de reverberar trabalhos desenvolvidos no Rio Grande do Sul. Um dos destaques é “Espera”, da Cia Incomode-Te. O texto do ator gaúcho Nelson Diniz, reconhecido por seus papeis no cinema, na televisão e no teatro, propõe uma reflexão profunda sobre o universo humano, a relação entre o homem e seu território, e a constante ameaça de ruptura na busca pela estabilidade. Além de roteirizar, Diniz atua como Serrote que, ao lado de Sumô, interpretada por Liane Venturella, vive imerso em um ambiente que é mais do que um simples espaço físico de moradia: é um território em constante construção e manutenção.
Um Palco que gira pela diversidade do Brasil
Em sua 19ª edição, o Festival está ainda mais plural, com uma programação que celebra as diferentes linguagens, culturas e formas de fazer arte no Brasil. São 18 estados representados, o que mostra a força e a amplitude dessa troca cultural. “Do Norte ao Sul, o que se vê é um retrato vivo da cena artística brasileira. Não falo apenas sobre quantidade, mas sobre a riqueza das propostas. Tem teatro adulto, teatro de bonecos, dança, circo, performances, experimentações cênicas e muito mais. É uma verdadeira vitrine da diversidade de estilos e estéticas que compõem o cenário das artes cênicas”, comenta Jane Schoninger.
Nos palcos, serão apresentadas performances que potencializam a pluralidade brasileira. Ator, diretor e roteirista com prêmios nos maiores festivais de cinema do país, Victor Di Marco traz seu primeiro solo, “Azul Marítimo”. Pessoa com deficiência e ativista dos direitos das pessoas com deficiência, Di Marco tem como mote seus medos e fascínios pelo mar. Essas sensações deságuam em dança onde palavras falsas e retas contrastam com a imprevisibilidade do movimento das ondas. Entre tropeços, tremores e desequilíbrios, o ator revela uma narrativa delirante que nunca foi e nunca será firme e concreta. Já na peça mineira “Aptá”, as relações humanas são exploradas por meio da dança-teatro, inspirada na conexão do ator e bailarino Bernardo Gondim com seu filho autista. A narrativa reflete sobre dinâmicas entre gerações e a percepção de uma criança neurodivergente, com a abordagem de temas como o hiperfoco no autismo e a diversidade sensorial.
Voltado ao público infantil, “Da Janela”, da Trupe do Experimento, propõe uma brincadeira sensível sobre a construção de vínculos. A atriz Mariana Siciliano, pessoa surda, convida o público a refletir sobre inclusão e diferentes formas de se comunicar, promovendo o diálogo entre crianças, famílias e a cena teatral contemporânea. Já em “CorpoMundo”, o que se vê é a celebração da multiplicidade dos corpos e de suas narrativas. Criado por artistas com e sem deficiência, o espetáculo parte da pergunta “O que pode um corpo?” para construir uma dramaturgia visual e sensorial, ancorada na dança-teatro. Com direção de Paula Carvalho, coreografias de Bianca Bueno e uso expressivo de Libras, projeções e trilha sonora, a montagem propõe uma poética do corpo em estado de criação, ressaltando a potência transformadora da convivência com a diferença.
As múltiplas culturalidades também estarão em cena no Palco Giratório. Este ano, a House of Harpya, pioneira na cena Ballroom do Rio Grande do Sul, apresenta a Cênica Micro Ball & Vogue Jam, uma festa no estilo ball que homenageia as artes cênicas e a cultura Ballroom através de batalhas e intervenções performáticas. Em formato pocket, outro destaque é o espetáculo “Onde Está Cassandra?”, que narra a trajetória da icônica drag queen Cassandra Calabouço. A peça apresenta novos e importantes desdobramentos na pesquisa do hibridismo entre a linguagem da dança e a estética performativa das figuras drag queen e do universo queer.
“Esses espetáculos evidenciam a diversidade que se estende aos temas abordados, às linguagens utilizadas, aos públicos alcançados e aos espaços ocupados. Em teatros ou espaços alternativos, para adultos ou crianças, com ou sem palavras, o festival convida o público a vivenciar a arte como espelho e janela do nosso tempo: múltiplo, diverso e em constante movimento”, reafirma Jane.
Acessibilidade
Como instrumento de democratização do acesso à cultura, o Sesc/RS oferecerá, pela primeira vez, visitas táteis aos espetáculos que contam com audiodescrição. A experiência de exploração sensorial utiliza o sentido do tato para conhecer um espaço ou objeto. Antes das apresentações, pessoas cegas, com baixa visão ou surdocegas, orientadas por profissionais, terão a oportunidade de visitar os cenários e tocar nos figurinos. Além da audiodescrição, alguns espetáculos contarão com tradução simultânea para a Língua Brasileira de Sinais (Libras).
Outro destaque da edição é o personagem Yoko, do grafiteiro e muralista Subtu. Trata-se de uma espécie de macaco urbano que convida o público a refletir sobre questões contemporâneas. O artista inaugurará seu painel “Comunicação e distorção”, que ficará exposto no Sesc Alberto Bins. Nele, Subtu vai além do convencional e utiliza materiais táteis, convidando o público a se aproximar e tocar a obra, proporcionando uma experiência nova e inclusiva. No dia 20/05 ele fará uma visita guiada na unidade, às 17h30. Já no dia 21, a partir das 14h, o muralista ministra uma oficina de artes visuais acessíveis. Nela, o criador do projeto Graffiti Para Cego Ver introduz a prática artística com ferramentas de acessibilidade para pessoas com deficiência, onde cada participante irá desenvolver uma arte tátil, utilizando desde materiais convencionais como tinta e pincel, além do uso de texturas e relevos que permitem uma experiência tátil ao final, com o intuito de evidenciar a ampliação de possibilidades de interpretação e experimentação.
Espetáculos gratuitos
O 19º Festival Palco Giratório Sesc em Porto Alegre leva ao público uma série de atrações gratuitas em locais abertos e espaços culturais da cidade. No sábado, 25 de maio, às 16h, a Concha Acústica do Multipalco Eva Sopher será palco do espetáculo “O Cavaleiro e o Dragão do Tempo”, do Grupo Ueba. A montagem utiliza bonecos e formas animadas para contar a divertida e épica aventura de um cavaleiro que enfrenta Chronos, o temido dragão do tempo. Com linguagem acessível e abordagem lúdica, o espetáculo é uma celebração do teatro de rua que promete encantar crianças e adultos.
Nos dias 28 e 30 de maio, às 18h, o público poderá conferir a instalação performativa “Biblioteca de Dança”, da Dimenti Produções Culturais, na Biblioteca Josué Guimarães. Nessa criação original, artistas se transformam em “livros vivos” e compartilham memórias e histórias coreográficas em encontros íntimos com o público. O visitante pode circular entre as mesas e construir seu próprio percurso poético. Já no dia 31 de maio, às 12h, a Praça da Alfândega recebe a performance “Ané das Pedras”, da Coletiva Flecha Lançada Arte. A artista Barbara Matias Kariri conduz um ritual que invoca a sabedoria ancestral das pedras e os sonhos como forma de escuta e resistência. A ação é uma potente expressão de arte indígena e decolonial no espaço urbano.
Fechando a programação gratuita, o espetáculo “Circo du Cafundó”, da companhia Du Cafundó, acontece no dia 3 de junho, às 15h, no Sesc Anchieta (Rua Fecomércio, 101). Palhaçadas, acrobacias e malabares integram essa vibrante apresentação para todas as idades, que resgata o espírito do circo tradicional com humor e encantamento.
Ingressos
As vendas dos ingressos para os espetáculos do Festival estão abertas nas Unidades Sesc/RS, no site www.sesc-rs.com.br/palcogiratorio e, havendo disponibilidade, 1h antes de cada apresentação na bilheteria dos respectivos teatros. Em caso de chuva, a programação na rua poderá ser alterada. A classificação etária deve ser conferida antecipadamente nos canais digitais para cada apresentação. Mais informações também estão disponíveis pelo WhatsApp (51) 99233-0995.
Em geral, os valores são R$20 para beneficiários da meia-entrada (estudantes, professores, pessoas com deficiência, idosos, doadores de sangue, classe artística, sócios AATSP, clientes e hóspedes Rede Plaza), empresários e trabalhadores do comércio e serviços com credencial Sesc válida, funcionários da Santa Casa, PUCRS e Goethe Institut com crachá funcional e sócios da Associação Amigos do Theatro São Pedro com carteirinha de associado; e R$40 para o público em geral. Para os o show da cantora Negra Li, e os espetáculos “Ao vivo [dentro da cabeça de alguém]” e “Zaratustra: uma transvaloração dos valores”, os valores são de R$30 para meia-entrada e R$60 para o público geral.
Também serão concedidas entradas gratuitas para escolas, grupos artísticos e organizações comunitárias. Para participar da Formação de Plateia, é preciso enviar um e-mail para palcogiratoriosesc@sesc-rs.com.br.
Atividades afirmativas e experiências compartilhadas
Prática do festival, o eixo formativo é estabelecido como afirmação das atividades que investigam novos modos de produzir e compartilhar conhecimento. As atividades são desdobramentos da programação dos espetáculos, das performances e intervenções que compõem a grade do evento. Formam espaços que possibilitam o compartilhamento de experiências vivenciadas a partir de diferentes pontos de partida, através de oficinas, debates, exposição, encontros mediados, bate-papos e intercâmbios artísticos que são disponibilizados de forma gratuita. Destaca-se a realização do 6º Seminário Palco Giratório, parceria com o Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas, articulada como Atividade de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que ocorre entre os dias 25 e 31 de maio, com encontros entre às 14h e 17h.
Neste ano, o Seminário ganha nova dimensão, com maior presença de professores, pesquisadores e artistas de diferentes regiões do Brasil e um foco cada vez mais conectado à produção de conhecimento. Nesse contexto, ele será aberto à comunidade em geral, com certificação emitida pela universidade e pelo Sesc para quem atingir o mínimo de 75% de presença. A atividade também integra oficialmente a grade de disciplinas do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas, valendo como crédito para alunos de mestrado e podendo ser validado como atividade complementar na graduação. Com isso, o evento fortalece o diálogo entre arte e academia, a partir da valorização das experiências híbridas entre criação, ensino e pesquisa.
A programação contará com a participação de artistas vinculados a universidades, docentes de diferentes instituições e pesquisadores convidados, promovendo debates e atividades práticas em uma perspectiva plural e interdisciplinar. Parte das atividades terá transmissão ao vivo pela internet, garantindo maior alcance e acessibilidade. “Esses momentos são constituídos para potencializar encontros, fortalecer a prática dialógica entre os fazedores de cultura e sensibilizar públicos para as artes. Pela primeira vez, o Seminário Palco Giratório faz parte como uma atividade de ensino, pesquisa e extensão da UFRGS, demonstrando a importância desse evento paralelo, que conta com a chancela de uma das maiores universidades do Brasil e de um dos mais importantes programas de pós-graduação da área”, comenta Jane Schoninger. A programação completa está disponível no site www.sesc-rs.com.br/palcogiratorio e as inscrições podem ser feitas pelo www.even3.com.br/seminariopalcogiratorio, limitadas a 80 participantes presencialmente e 800 online. Quem participar das atividades de maneira remota, poderá acompanhar simultaneamente a programação pelo link www.even3.com.br/seminariopalcogiratorio.
Endereços dos espaços culturais:
Bar Ocidente
Av. Osvaldo Aranha, 960
Boteco do Paulista
Rua Riachuelo, 230
Casa Arte Sesc-Museu da Cultura Hip Hop
Rua Parque. dos Nativos, 545
Estúdio Stravaganza
Rua Dr. Olinto de Oliveira, 64
Parque Orla Moacyr Scliar
Av. Pres. João Goulart, s/n
Praça da Alfândega
Pça da Alfândega, s/n
Sala Álvaro Moreyra, Teatro Renascença e Biblioteca Josué Guimarães – CMC
Av. Érico Veríssimo, 307
Sesc Anchieta
Rua Fecomércio, 101
Teatro da PUCRS
Av. Ipiranga, 6681, Prédio 40
Teatro de Câmara Túlio Piva
Rua da República, 575
Teatro de Arena
Av. Borges de Medeiros, 835
Teatro do CHC Santa Casa
Av. Independência, 75
Teatro Sesc Alberto Bins
Av. Alberto Bins, 665
Teatro Sesc Canoas
Av. Guilherme Schell, 5340
Teatro Simões Lopes Neto, Teatro Oficina Olga Reverbel, Concha Acústica e Praça Multipalco Eva Sopher
Praça Marechal Deodoro, s/n
Teatro do Goethe-Institut
Rua 24 de Outubro, 112
Zona Cultural
Av. Alberto Bins, 900